Por que será que as reuniões sempre são as vilãs e todo mundo as considera uma perda de tempo? Por que será que o tão desejado foco é muito difícil de se conseguir e manter? Como podemos melhorar nossa produtividade no trabalho apenas ampliando nossa capacidade de observação? Há uma maneira de nossos problemas extra profissionais interferirem menos no nosso ambiente de trabalho?
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Essas questões são recorrentes no nosso dia a dia profissional. Chade-Meng Tan, engenheiro do Google, criou uma técnica para melhorar a qualidade da atenção das pessoas que deu origem ao livro Search Inside Yourself. Desde então, centenas de profissionais do Google passaram a ser treinados nessa técnica, que hoje se expandiu para outras empresas.
Na verdade, tudo se refere à metodologia de ajudar a pessoa a identificar seus estados emocionais, e a partir disso, não se tornar refém, mas “senhora” dos seus estados mentais
Hoje, no mundo todo, vive-se um dilema de como crescer a produtividade no trabalho, e ao mesmo tempo respeitar as individualidades e as necessidades de vida e lazer dos colaboradores. A técnica desenvolvida no Google ajudou em muito as pessoas a participarem da jornada de trabalho, percebendo seu estado mental.
Imagine, por exemplo, que você tem uma reunião marcada com o time de lideranças da sua empresa. Nesse dia, você está muito preocupado com a sua filha que não está indo bem na escola. Essa preocupação afeta diretamente o jeito como você se relaciona na reunião. Imagine que um dos seus funcionários também entra na reunião contaminado pelo ciúme doentio que está sentindo da mulher. No final das contas, temos duas pessoas com estados mentais bem alterados, e agindo não de acordo com suas verdades pessoais, mas de acordo com os efeitos provocados por esses estados mentais. Nesse caso, teríamos um preocupado com a filha conversando com um ciumento. E o assunto da reunião em si, ficaria completamente contaminado por esses estados mentais.
É assim que funciona a técnica de Chade-Meng Tan, que para outros dá-se o nome de mindfulness, traduzido como “atenção plena”.
A ideia é que, voltando sua mente para o presente, você sai da “contaminação” dos seus estados mentais desmobilizadores, e volta para o que deve ser feito naquele momento.
No caso, o foco na reunião de trabalho.
Cria-se um certo distanciamento de você para com seus pensamentos. Você se torna o observador, e assim não se identifica com os estados mentais que não contribuem para o momento. O mais importante de tudo é que isso não se consegue apenas lendo o livro, ou num seminário de fim de semana.
Exige prática constante, para que a técnica vire um modo de viver
No dia a dia, isso promove uma evolução na qualidade do ambiente de trabalho, na sua função como líder e na produtividade, pois pessoas mais equilibradas trabalham melhor, dispensam energia com o que realmente importa, e não o que seus impulsos internos a levam a fazer.
É fundamental que o líder da empresa entenda e evolua nesses conceitos, pois nada pior que o líder estar contaminado de pensamentos inconstantes. Isso irá gerar uma insegurança na equipe e falta de senso de objetividade. É por isso que, nos fóruns mais avançados sobre liderança, o principal mantra é que
A qualidade do estado mental do líder é que diferencia a boa liderança
Portanto, vamos ficar atentos ao que passa na nossa cabeça. Pois se isso contaminar nossas ações, estaremos sendo reféns dos nossos pensamentos, e assim, toda a empresa padece. Preste atenção nos seus pensamentos. Sua empresa e seu time vão agradecer.
Já que estamos falando de maneiras de melhorar ambiente e produtividade, vamos explorar ainda mais o assunto, agora olhando para os funcionários que trabalham com você.
Muitas empresas buscam cursos e mais cursos para capacitar seus colaboradores. Penso que os cursos como capacitadores são muito bons, mas para evoluir para uma cultura de positividade e performance, tenho minhas dúvidas, pois o curso é algo de tiro rápido que abre a cabeça do colaborador, mas não o faz incorporar no dia a dia novos conceitos de forma mais permanente.
Vou dar um exemplo do que digo. Certa vez, fui a um restaurante e fiquei muito impressionado com a qualidade do atendimento. Chamei o garçom e pedi a “fórmula para aquele serviço todo”.
– Senhor, aqui todo dia eu levo a caixinha para casa. A caixinha paga a minha condução, e ainda sobra, repito: todo dia. Além disso, diariamente o gerente junta toda a equipe, antes de abrirmos para o almoço e para o jantar, repassa todos os pontos importantes no atendimento e nos diz o que deve ser melhorado em relação à refeição anterior.
Ou seja, podemos traduzir a fala do garçom em dois elementos: recompensa condizente com sua atuação no dia e treinamento contínuo. Este sim é um jeito que acredito, que move as organizações para além do “eu falo”, mas “não faço”.
Outro ponto importante na evolução de uma cultura feliz e produtiva, acredito que seja praticar o “ouvir” por parte da liderança. Durante toda minha carreira, aprendi que o que mais motiva as pessoas é o senso de ser ouvido, fazer parte, ter voz ativa nas organizações. Nada mais recompensador para o colaborador do que ir para casa todo dia sentindo que faz parte do todo, está super bem inserido no grupo social que é a empresa, e que suas opiniões têm valor. E isso só pode ser conseguido com um “ouvir” genuíno e constante por parte dos líderes.
Ainda na linha das boas práticas de liderança, não nos esqueçamos da máxima “walk as you talk”. O exemplo ainda é uma das melhores maneiras de fazer a cultura evoluir. Lembra como seus filho aprende? Olhando para o que você faz, e não apenas o que você fala.
No fazer, aparece a “verdade verdadeira”, no falar, a chance de “fake speachs, é enorme. E isso é fatal para uma cultura empresarial.
Resumindo, vamos prestar atenção nos nossos estados mentais, recompensar a equipe de acordo com seu desempenho, praticar a conversa diária para melhorias constantes, ouvir, ouvir, ouvir, e ser totalmente coerente no que você fala e faz.
Acho que já temos um bom começo para a tão desejada cultura feliz e produtiva.
Luiz Buono, Fábrica, CEO